segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Curso de BPM
O tema do primeiro mini-curso de BPM será Conceitual.
Se você não está na lista de distribuição do blog, faça um comentário solicitando o material (deixando o e-mail para envio), e assim será adicionado.
Todos receberão o primeiro capítulo na próxima semana (acredito que na segunda).
Obrigado a todos que participaram da votação e se inscreveram no curso.
Abraços,
Gart Capote
domingo, 16 de setembro de 2007
Maturidade em Projetos BPM
Logo após a venda, já na fase de implementação de projetos BPM, vivemos momentos de grandes expectativas quanto aos resultados esperados pelos clientes, e claro, uma exaltação criadora equivalente por parte dos fabricantes.
Nada de novo até aí, mas com base na realidade do mercado atual, gostaria de propor uma questão:
Sendo assim, podemos concluir que, a expectativa de resultado, atualmente, está muito mais relacionada a um desejo, do que em parâmetros e métricas conhecidas.
É um tanto quanto paradoxo. Realizamos um projeto que busca, dentre outras coisas, trazer informação e gestão do negócio com base nas propriedades e métricas identificadas e monitoradas, e por outro lado, avaliamos o seu resultado com um peso considerável dos nossos desejos e anseios.
Não estou dizendo que isso é um erro total, mas no mínimo, é uma forma pouco madura de avaliação.
Não existe uma linha de chegada para projetos de BPM.
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Existem diversas iniciativas de modelos de avaliação de maturidade em BPM.
Modelos baseados nos moldes CMM (Capability Maturity Model), com o mesmo uso da escala evolutiva em cinco níveis de maturidade (Foco deste artigo).
Modelos que dividem a organização em grupos distintos baseando-se no grau e na progressão dos processos, tentando definir a maturidade usando duas dimensões – avaliando da eficiência e da efetividade para classificar os processos.
Mais recentemente temos a proposta de um modelo de avaliação baseada em seis fatores principais: Alinhamento estratégico, governança, métodos, TI, pessoas, e cultura. Por se tratar de uma proposta que aglutina outros três modelos (inclusive o baseado no CMM), vamos analisá-lo com mais detalhes na próxima matéria.
Nos moldes CMM, temos o quadro no topo deste post. Este quadro é um demonstrativo dos níveis de sofisticação das iniciativas em BPM. Abaixo temos o detalhamento de cada fase:
1- Estado inicial
Uma organização no primeiro estágio, terá realizado muito pouco no que diz respeito a coordenação e estruturação de iniciativas em BPM.
Tipicamente, uma organização nesse estágio pode possuir as seguintes características:
> Abordagens do tipo específicas (ad-hoc)
> Esforços individuais (TI ou Negócios)
> Várias e não consolidadas abordagens para metodologia, ferramentas e técnicas
> Escopo bastante limitado das iniciativas
> Envolvimento mínimo dos colaboradores (funcionários)
> Pouca confiança nas habilidades de BPM externas
> Alto nível de intervenção manual e contornos (work-arounds)
2- Repetível
Uma organização no nível 2 de maturidade terá feito alguma progressão pós-primeiro projeto de BPM. Estará iniciando uma capacitação em BPM e aumentando o número de pessoas que enxergam a organização por uma perspectiva de processos. Tipicamente, uma organização nesse estágio pode possuir as seguintes características:
> Primeiro processo documentado
> Reconhecimento da importância do BPM
> Maior envolvimento de executivos e alta gerência
> Um objetivo maior para a exploração do BPM
> Uso extensivo de modelagem de processos com repositórios simples
> Primeiros passos na metodologia estruturada e padrões
> Maior confiança nas habilidades externas de BPM
3- Definido
Uma organização no nível 3 de maturidade estará experimentando um considerável aumento na cinética de busca pelo desenvolvimento da capacitação em BPM, e uma razoável expansão do número de pessoas que enxergam a empresa pela perspectiva dos processos. Tipicamente, uma organização nesse estágio pode possuir as seguintes características:
> Foco na gestão dos estágios “primários” dos processos
> Uso de ferramentas elaboradas (modelagem dinâmica, aplicações baseadas em servidores, múltiplos usuários)
> Uma combinação de diferentes métodos e ferramentas de gerenciamento de processos (workflow management e gerenciamento de risco baseado em processos)
> Uso mais extensivo da tecnologia para entrega e comunicação de BPM (diagramas de processos disponíveis na intranet)
> Sessões formais de treinamento em BPM
> Menor dependência de habilidades externas em BPM
4- Gerenciado
Uma organização no nível 4 de maturidade estará usufruindo dos benefícios de se ter BPM nas trincheiras estratégicas. Tipicamente, uma organização nesse estágio pode possuir as seguintes características:
> Um centro de gestão de processos estabelecido e guardião dos padrões
> Congruência das perspectivas de TI e Negócios na gestão de processos (Workflow management e custo baseado em atividade)
> Cargos formais na gestão de processos
> Métodos e tecnologias consolidados e aceitos
> Orientação a processos como um fator mandatório para projetos
> Dependência mínima nas habilidades externas em BPM
5- Otimizado
Uma organização no nível 5 de maturidade estará usufruindo dos benefícios de se ter BPM como parte essencial, tanto para a gestão estratégica, quanto para a gestão operacional. Tipicamente, uma organização nesse estágio pode possuir as seguintes características:
> Gestão de processos é parte das atividades dos gestores
> Gestão de processos na medição de resultados
> Uma abordagem mais ampla da empresa, que incorpora clientes, fornecedores, distribuidores, e outros importantes atores do negócio
> Gerência estabelecida e ativa no ciclo da gestão de processos
> O centro de gestão de processos de negócio reduz de tamanho a medida que os processos se tornam mais “simples”
Conclusão:
É preciso encarar com seriedade, perseverar na evolução continuada dos trabalhos, e principalmente, se envolver nesse novo caminho. Envolver-se de tal forma que fique notório que um projeto de BPM não é apenas mais um projeto, onde temos, compra de produtos, contratação de consultores, e os prazos apertados. É um projeto de gestão. Ele trata da vida e da permanência da empresa no mercado.
A melhoria dos processos e a obtenção de resultados não pode ser encarado como o fim, mas apenas como o começo da gestão baseada em processos.
BPM, a gestão por processos, ou baseada em processos, é uma das diversas formas de gestão de negócios, e não um acrônimo mágico capaz de resolver todos os problemas de uma organização, simplesmente por você ter aderido a ele.
Assim como não se espera ficar livre de todos os males relacionados a saúde do homem quando se faz um exame médico, não devemos esperar a erradicação definitiva das agruras corporativas por termos adquirido uma nova ferramenta. Ainda somos necessários como seres humanos. BPM veio para nos auxiliar na gestão dos negócios e nas tomadas de decisão, e mais, veio para nos liberar de atividades menos “nobres”, e então, permitir que a gestão estratégica ocorra em sua plenitude.
Conforme citei no início desta matéria. Não temos uma linha de chegada.
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
O que é, o que é?
Qual seria a definição de BPM?
Por mais estranho que possa parecer, mesmo trabalhando com BPM, sendo um contumaz leitor – e por que não – pesquisador do assunto, não encontrei uma resposta “comum” entre os escritores, acadêmicos, fabricantes, clientes e consultores.
Me parece que esse acrônimo de 3 letras tem tantas definições quanto fabricantes, pesquisadores, acadêmicos, analistas, vendedores, etc.
Resolvi solucionar este problema...
Pelo menos para mim, e claro, para os devotos leitores deste humilde blog.
:)
Sem mais delonga, segue uma leve catarse:
Primeiramente, na minha opinião, e de muitos praticantes e escritores, BPM não equivale a uma ferramenta tecnológica, ou produto. Acredito que este seja um dos poucos consensos.
Existe um número bastante significante de melhorias de processo de negócio que podem ser alcançadas sem a compra de uma tecnologia específica.
Mas, seria a tecnologia necessária?
Sim. Principalmente no que tange a fase de modelagem de processos.
A falta de uma ferramenta de modelagem eficiente, amigável, com uma notação bem documentada, pode – realmente - impedir a realização de melhorias em processos complexos.
Vale a ressalva:
Uma ferramenta de modelagem de processo, por melhor que seja, é apenas um software. Sem uma metodologia/framework, sem recursos habilidosos para usá-la, e um verdadeiro comprometimento da Chefia, a ferramenta se torna inútil.
Tenho lido de diversos fornecedores e “analistas da industria” que as ferramentas de automação são elementos fundamentais de BPM. Eles tendem a afirmar que BPM é sobre tecnologia. Por outro lado, se você levar em conta alguns dos maiores envolvidos em BPM, estudiosos e envolvidos em gestão estratégica, você chegará ao ponto em comum onde afirmam que: BPM é obviamente sobre gerenciamento de processos de negócio – tendo a organização como foco primário.
Encontrei essa definição em um livro MUITO bom sobre BPM:
BPM é a realização dos objetivos de uma organização através da melhoria, do gerenciamento e controle dos seus processos de negócio essenciais.
Livro:
Business Process Management – John Jeston – Johan Nelis – 2006
ISBN: 978-0-7506-6921-4
Vale adicionar o conceito de que gerenciamento de processos é uma parte da gestão “normal” de um negócio. É vital que os líderes e gestores reconheçam que não existe uma linha de chegada na melhoria de processos, mas sim uma contínua manutenção.
Alguns tipos comuns de (mau)uso desse tão querido acrograma:
1- Fornecedores que focam apenas na solução tecnológica da melhoria de processos;
2- Fornecedores que pensam em BPM como Business Performance Management;
3- Consultorias que usam BPM para continuar com seu trabalho de reengenharia de processos;
4- Gerências que desejam pular no barco do BPM, mas sem idéia de para onde estão indo, ou de como é a viajem;
5- Analistas de Processos que usam BPM para inflar suas aspirações profissionais e surfar mais uma onda.
Bom, é isso.
Ajudei, ou atrapalhei?
Até o próximo post.