Hoje, ao divulgar a capa do meu 5º e mais novo livro, recebi um comentário que me deixou positivamente intrigado e inspirou a escrita deste post. A pergunta era:
"Como as empresas e os profissionais estão sendo enganados pelos fluxogramas?"
Não vou tentar resumir o conteúdo do livro inteiro em um post, mas vou explicar um pouco da ideia.
Sabe aquele fluxograma que documenta “lindamente” as coisas que acontecem em um processo organizacional?
Provavelmente, esse mesmo fluxograma, está totalmente errado e mentindo descaradamente para você e para a organização. É verdade!
As lideranças organizacionais estão cansadas de receber diagramas repletos de fluxos de atividades, regiamente modelados, coloridos, misturados com lógica decisória, regras de negócio espalhadas em várias partes, “perguntinhas” em decisões com lógica booleana e um monte de outros elementos que nada lembram a realidade operacional e sua capacidade… Sim, é isso mesmo.
O início do processo, sempre começando com um evento de início… O fim do processo, sempre representado com um evento de fim.
O término de um trabalho qualquer é conectado por sequência em outra atividade, que ao terminar é conectada em outra e assim por diante, até encontrar o almejado e exclusivo “evento final”. A coisa ainda fica pior!
Entre uma atividade humana e outra, e com participantes diferentes, ainda se coloca um evento intermediário de tempo para representar um prazo ou qualquer outra “pausa” no trabalho…A liberdade criativa não tem fim!
Bom, só tenho uma coisa a dizer sobre esse tipo de representação. Isso não serve para produzir informação relevante para a tomada de decisão.
Esse tipo de abordagem, no máximo, ajuda a “explicar” os grandes passos lógicos de um processo. Nada mais. Sabe o motivo?
Esse fluxograma é a representação de uma lógica qualquer, mas em nada se aproxima da terrível e velada realidade organizacional. Os processos estão sendo representados dessa forma por décadas. Já está na hora de avançar.
Um dos grandes avanços que qualquer organização pode alcançar é simples e está disponível já. Seu nome é “Modelagem da Verdade”.
Não precisa comprar software, nem equipamento, nada mesmo. Basta aplicar os conceitos e princípios e você será capaz de representar os processos como eles realmente funcionam. Chega de ficar fluxogramando lógica ilusória de realização.
Precisamos descobrir e evidenciar as desconexões, as diversas e implacáveis interrupções, a falta de fluidez nos trabalhos, a confusão que existe sempre quando se precisa tomar uma decisão, a quebra de informações, as centenas de atividades que ficam verificando se o que precisava ser feito foi realmente feito, os malditos e infinitos níveis de alçada de aprovação e seus milhares de “cientes” ao longo do caminho. Isso precisa terminar.
Quando você olha para um fluxograma buscando identificar a origem de problemas, certamente, terá dificuldade em encontrar.
Afinal, o tal fluxograma, nada mais é que uma linda e elaborada lógica modelada por profissionais buscando evidenciar seu poder de síntese e conhecimento sobre o tema.
O processo real, muito provavelmente, em nada se parece com o belo, colorido e alegórico fluxograma produzido e entregue pelos profissionais mais capacitados na notação. Uma pena.
Entenda. Isso aqui não é uma crítica aos profissionais, mas sim, uma necessária e contundente observação sobre o produto que entregamos no dia a dia.
Quando você reclamar que na sua empresa não valorizam o trabalho dos profissionais de processos, pare um pouco e reflita.
Vocês estão entregando informações relevantes para a tomada de decisões e oportunidades de melhorias, ou estão apenas gerando documentação infinita sobre essa dimensão irreal/surreal de processos fluxogramados e ilusórios?
Quando é que os fluxogramas nos enganam?
Sempre que eles representam a lógica e não a verdade operacional.
Capacidade, tempo, custo, experiência do cliente, qualidade, nada disso vive na dimensão da lógica.
A realidade é cruel e precisa ser considerada.
Enquanto buscarmos na ilusão dos fluxogramas a representação da verdade, estaremos, cruelmente, nos enganando e enganando as nossas organizações.
Nunca mais seja enganado pelos fluxogramas!
Antes de finalizar, e só para deixar alguns números de “alento", quero dizer que, aplico essa técnica há mais de 8 anos e já a ensinei para mais de 2000 profissionais e em dezenas de projetos em organizações. Ou seja, não sou um lobo solitário da modelagem da verdade.
Essa abordagem já é uma realidade, mas precisa de novos adeptos e apoio constante na divulgação de resultados.
Esse é um dos motivos de escrever esse novo livro.
Espero que gostem e apliquem. O resultado é fantástico e revolucionário. Pode acreditar.
P.S.
DEVIDO AO NÚMERO E RUMO DOS COMENTÁRIOS, PRECISO INCLUIR UM COMPLEMENTO AO POST
Acho que não fui claro o suficiente, e talvez não seja possível em um texto tão curto. Aparentemente, algumas pessoas não estão entendendo a ideia.
Quando vejo um fluxograma, preciso perguntar:
Qual o objetivo?
Se o objetivo é representar uma lógica de realização, apenas informativa e para extrair algum conhecimento de colaboradores e sistemas, ok, até tem alguma utilidade. Pouca, mas tem. Como alguns diriam, é melhor do que nada.
Se o objetivo é representar um processo para torná-lo o padrão de trabalho, e pior ainda, utilizar essa representação como orientação gerencial em avaliações, aí não tem jeito. Desculpe a sinceridade, mas essa não é a melhor opção.
Não é neste artigo que vou te ensinar a utilizar BPMN além da visão "fluxograma". E sim, na prática, fluxograma é um estilo de modelagem e muito utilizado para representar lógica. BPMN é muito mais poderoso que isso.
A ideia não é julgar o estilo "fluxograma" e culpá-lo por todo o péssimo resultado nas organizações atuais. Não é isso.
O livro, e não esse breve post, vai mostrar como avançar para o século XXI na sua modelagem de processos e utilizar BPMN sem que toda e qualquer representação de processos continue igual a tudo que já foi feito anteriormente, inclusive pintando células de planilhas, modelando em powerpoint, em Visio e outras ferramentas que - hoje - são totalmente anacrônicas.
"Fluxogramar" é uma forma de representar processos seguindo/segundo uma lógica de realização que, normalmente, não representa a realidade operacional. Esse é o problema.
Não adianta tapar o sol com a peneira. Essa é a verdade. Basta visitar uma organização e você encontra essa abordagem / estilo como a dominante. Simples assim.
Bom, não tenho condições de manter um debate ou aula por comentários, por isso, agradeço a participação e peço que esperem o livro para tirar melhores conclusões.
PS. Para quem quiser "provar" o gostinho da verdade em processos, também ensino essa técnica em meus treinamentos. Pode perguntar para quem já participou... :)
Grande abraço para todos! Esperem pelo livro!
Gart Capote
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