sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Capital Humano


Trecho (draft) da 2ª edição do livro 
"Guia para Formação de Analistas de Processos".

Olá Pessoal,
Acabei de escrever e gostaria de compartilhar com vocês.

Começaremos, em breve, o trabalho de Crowdsourcing para revisão do livro. 
Abs

Gart Capote


CAPITAL HUMANO

Estamos vivendo grandes mudanças. Conceitos, extremamente abrangentes e impactantes na vida organizacional e pessoal, nesse exato momento, estão em processo de transformação.

Até o século XX, os trabalhadores eram considerados, quando muito, colaboradores de uma organização. Nesse período, o profissional era apenas um simples e dispensável recurso necessário para a realização de algum trabalho. Ainda no século XX, os trabalhadores eram formados e formatados para trabalhar e, se tudo desse certo, um dia se aposentar.

O mundo mudou, não apenas tecnologicamente. Hoje, é possível dizer que estamos vivendo no olho do furacão de uma revolução filosófica nas novas gerações. Essa radical mudança de postura, faz com que as organizações mais modernas e atentas se preocupem cada vez mais com o “propósito" das coisas. 

Antes dessa revolução, uma organização contratava um trabalhador que recebia pelo trabalho realizado e se motivava, quando muito, por um plano de carreira com algum crescimento vertical - quase sempre baseado em realizações, tempo de trabalho, indicações de líderes e, obviamente, diplomacia interpessoal e organizacional.

Um trabalhador era contratado pelo “departamento pessoal” e então, “acompanhado" pela área de recursos humanos. Além de recursos humanos, a organização também acompanhava o uso do seus demais recursos (infraestrutura, finanças, tecnologia etc.)
Hoje, no século XXI, as organizações estão mudando essa percepção sobre seus trabalhadores. Muitas já estão migrando o entendimento, de recurso humano, para capital humano. Essa mudança não é apenas de nome, é uma mudança na semântica e no propósito.

Mudamos o significado, ao reconhecer que o ser humano, trabalhando em uma organização, mesmo com toda a tecnologia disponível, ainda é um dos principais bens dessa organização - se não o principal.

Mudamos o propósito, pois antes, trabalhávamos para ter uma aposentadoria, precisávamos alcançar metas, pagar contas e conquistar algum conforto na vida pessoal. Isso ainda existe, mas adicionamos a essa equação a palavra propósito. Hoje, um jovem trabalhador, não se motiva pelos mesmos elementos que motivaram seus pais e avós. Hoje, boa parte da nova força de trabalho, precisa ter algum tipo de alinhamento de propósito com a organização - é cada vez mais estreita a relação pessoal com a profissional. É cada vez mais difícil separar as duas.

Vivemos uma integração total. Trabalhamos o tempo todo, no carro, no avião, em casa, na praia, na cama… Mesmo que não classifiquemos certas ações pessoais como ações de trabalho, no fim do dia, estávamos pensando em questões do trabalho e resolvendo pendências profissionais. 

Não temos mais aquela previsão de aposentadoria com 50 ou 60 anos de idade. Aliás, para um futuro bem próximo, é cada vez mais frágil a situação da aposentadoria. A expectativa de vida aumentou muito, e vai continuar aumentando. 
Dizer que os recém nascidos de hoje, chegarão aos 100 anos com alguma facilidade, já não é nenhuma novidade ou ficção.
Por isso, e um pouco mais, hoje, as organizações já entendem que a retenção de seus talentos humanos, e a evolução de seus profissionais, não são assuntos menos relevantes para o sucesso organizacional. Pelo contrário. O capital humano de uma organização é, cada vez mais, tratado como um bem organizacional raro e muito precioso. 
As organizações que não entendem isso, são organizações que não entendem o tempo em que vivem. São organizações estrategicamente anacrônicas.

O capital humano atual, precisa de um propósito maior para realizar seu trabalho, afinal, se você vai passar os próximos 60, 70, 80 anos trabalhando, é bem melhor se sentir como parte importante do todo, e que esse todo esteja trabalhando para construir uma sociedade melhor. Estamos vivendo uma evolução de propósitos. Com o uso maciço das novas tecnologias para trabalho on-line e distribuído, o próprio conceito de emprego está mudando.

Hoje, queremos coisas muito mais avançadas do que as coisas que queríamos até o início do século XXI. Antes, queríamos carros próprios (voadores, se possível), viagens espaciais, micro ondas, tv a cores, telefone, usinas nucleares, lançar sogras em poços de piche e outras coisas do tipo.
Hoje, cada vez mais, pensamos em, preservar o meio ambiente, a cura para doenças graves, prolongar a vida com qualidade, consumo consciente, ter água potável, queremos transporte coletivo de qualidade, acessibilidade para idosos e deficientes… É quase que um retorno às origens do que realmente importa para o ser humano. 

Qualidade de vida nunca teve tanto valor na hora de tomarmos decisões profissionais. Essa epifania secular deve ter origem em nosso individualismo desmedido. Afinal, produzimos e consumimos muita porcaria todos os dias. Já estava mesmo na hora de começar a fazer coisas mais interessantes e com propósitos mais nobres e relevantes.
Esse é o horizonte dos novos trabalhadores. Esse é o desafio da nova gestão de capital humano.

A gestão por processos é uma abordagem capaz de reorientar como as coisas são feitas dentro das organizações. Por vezes, a simples melhoria de uma atividade no trabalho, ou apenas a eliminação de uma etapa burocrática, já causam a percepção de evolução, e com essa percepção, permitem o uso do mais precioso e raro elemento do capital humano - a capacidade de tomada de decisão com base no intelecto desenvolvido e motivado.

Um comentário:

Camila S. Lourenço disse...

Excelente texto, feliz acréscimo na 2ª edição do GFAP. Escrevi algo parecido sobre Recursos Humanos no meu blog (http://chapratodahora.blogspot.com.br/2016/10/gente-pessoas-ou-recursos.html).

Também preciso destacar a parte de lançar a sogra no poço de piche... muito espirituoso!